Mexilhão, salmão e anchova são mais saudáveis que carne vermelha por conterem níveis superiores de proteína, diz novo estudo

15.12.2022

Pesquisa dos Institutos de Pesquisa Suecos elegeu esses pescados como os mais saudáveis

O peixe é um dos alimentos mais recomendados em uma dieta, principalmente se comparado à carne. Um estudo dos Institutos de Pesquisa Suecos publicado em setembro na revista Communications Earth & Environment concluiu que alguns produtos marinhos, como salmão, mexilhões, anchovas, fornecem mais proteínas do que a carne bovina, suína ou de frango. Na investigação, foram avaliadas 41 espécies diferentes com as informações disponíveis em quatro bancos de dados oficiais da Suíça, Japão, Canadá e FAO. Além da ingestão de proteínas, uma das autoras do trabalho, Elinor Hallström, destacou a importância como fonte de ácidos graxos ômega-3.

De acordo com os dados, as melhores opções são os peixes oleosos, incluindo salmão rosa selvagem, salmão vermelho, pequenos peixes pelágicos capturados na natureza, como sardinhas, anchovas e bivalves cultivados, como mexilhões e ostras, dizem os pesquisadores.

O presidente da Sociedade Espanhola de Dietética e Ciências da Alimentação (SEDCA), Jesús Román Martínez, diz que a proteína fornecida pelos produtos marinhos é ‘de muito boa qualidade’. Além disso, também é fonte de nutrientes como selênio e iodo, substâncias que o organismo humano não pode fabricar sozinho e, por isso, precisa ingerir.

Em termos de teor de gordura, é muito menor do que a carne. No máximo, o peixe pode conter 12% de gordura em comparação com 30% da carne, destaca o professor de Fisiologia da Universidade de Granada (UGR) e membro do Instituto de Nutrição e Tecnologia de Alimentos da mesma instituição, Emilio Martínez.

Espécies como a carpa comum e a tilápia são ricas em vitamina D, enquanto o sabre do Atlântico se destaca pelo teor de ômega-3. Este nutriente é especialmente importante, porque auxilia no crescimento das crianças e favorece o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas também em idosos. É anti-inflamatório, benéfico para a visão e para o sistema circulatório, segundo o presidente da SEDCA.

Apesar dos benefícios dos peixes e seu baixo teor de sódio e gordura saturada, Hallström faz um alerta.

— Tendemos a comer quantidades menores do que as recomendadas — diz.

A Espanha é o segundo maior consumidor da Europa — atrás apenas da Suécia —, embora consuma entre zero e uma porção por semana. O Ministério do Consumo aconselhou há algumas semanas a ingestão mínima de três porções semanais. A diretora da SEDCA acredita que a chave para promover esse hábito é recomendar diferentes receitas e formas de consumo.

O cientista e o especialista da UGR atribuem esta questão sobretudo a uma razão econômica. A partir da investigação, eles pedem para tornar os produtos marinhos ‘mais acessíveis’.

— Na maioria das vezes, um quilo de carne é mais barato que um de anchova ou salmão — diz o professor. Para ele, a solução para essa barreira econômica é o congelamento em alto mar. Segundo ele, isso ‘reduz muito os custos’ e o importante é não processá-lo depois para que chegue ao consumidor com ‘todas as suas propriedades nutricionais’.

O problema é que, em muitas ocasiões, os produtos ultraprocessados ​​—como os palitos ou as coxinhas de pescada—, prejudiciais à saúde, são mais baratos e demoram menos tempo para serem preparados do que peixes frescos ou congelados.

— Hoje quase ninguém tem tempo para cozinhar e as pessoas procuram comprar alimentos fáceis de preparar — ressalta o professor.

Os autores do estudo focam na importância da pegada ambiental ao priorizar determinados alimentos. “O aumento do consumo de pequenos pelágicos, salmonídeos e bivalves capturados na natureza reduziria significativamente as emissões de gases com efeito de estufa do consumo de marisco, melhorando os benefícios nutricionais, principalmente se a carne vermelha for substituída”, conclui o estudo. A pesquisa destaca também a oportunidade, apesar dos entraves, de “remodelar” a produção e o consumo de produtos marinhos para espécies mais nutritivas e que minimizem as emissões climáticas. Algo que envolve tanto a seleção das espécies quanto a forma como são obtidas.

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